segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A graça da garça




A arte de viver em meio à lama sem sujar as vestes!

A graça da garça
A arte de viver em meio à lama sem sujar as vestes

A paz do Senhor, agradeço pela rica oportunidade 
Pois o momento é oportuno pra que alguém fale a verdade
O Espírito Santo toma o meu ser e guia a ponta da pena
Eu já começo a receber a luz do grande Estratagema.
Entrego todo o meu ser e toda minha premissa
Então começa a nascer fome e sede de justiça
Crescemos acreditando em alguns personagens dos púlpitos
Mas descobrimos que alguns da liga da justiça eram corruptos
Mas ai de nós que temos espírito de ousadia
No mínimo dirão que é espírito de rebeldia
Deus tem o Espírito Santo, o Diabo espírito imundo
Os homens criaram espírito de rebeldia pra manter nosso espírito mudo
Shhhiiii, calado! Nem pense em fazer cara feia
É melhor não discordar se quiser participar da ceia
Eu vim pra fazer graça, mas não sorria porque é sério
Foi fazendo essa mesma graça que morreu Martinho Lutero
Nossos teólogos respondem perguntas que ninguém fez
Nossos representantes são servos submissos da altivez
Eu prefiro seguir ao Mestre que nos ensinou a lição:  
"Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração"
E os programas de TV que eram pra pregar salvação
Estão fazendo propaganda de igreja e divulgação de livros e revistas, cds e dvd
Transformando o servo humilde em um fantoche em seus porquês
Cadê a pregação da cruz? 
Pegaram emprestado como emblema o nome do nosso Senhor Jesus
Mas quando forem aplaudidos pensando que se deram bem 
Não se esqueçam que Deus não divide sua glória com ninguém

A graça da garça
A arte de viver em meio à lama sem sujar as vestes

Num país onde nosso futuro dorme em baixo de viadutos
Com frio, febre e fome, infelizes mentes de adultos
Os nossos profetas diriam: "Eis que também não vivem na luz"
E eu te pergunto, no evangelho, o que diria Jesus?
O Filho do homem não tem lugar pra reclinar a cabeça
Alguém me explique este evangelho antes que eu enlouqueça!
Qual evangelho está certo? O de Jesus ou o da igreja?
Me explique, irmão! Porque esta expressão de surpresa?
Vejo que não é o mesmo evangelho, conquanto
Nos ensinam a chamar nossas culpas de Espírito Santo
Porque as mulheres que por Jesus foram perdoadas
Hoje por nós são vitimadas, julgadas e apedrejadas?
Por que o confesso é excluído? Por que o possesso é incluído?
Por que os que foram injustiçados sempre fecham comigo?
Por que os que cobrem seus pecados são chamados de amigo
Enquanto o confesso que pede perdão é humilhado e banido?
Eles bradam: "Arrependei-vos" sem arrependimento
Depois que conheceram as riquezas já não pregam o arrebatamento
Não acho ruim ter mansão, nem carro nem condição
Nem lancha, nem ter dinheiro, nem jato nem avião
Só digo uma coisa, meu irmão, melhor prestar atenção:
"Onde estiver seu tesouro estará também o coração."

Os nossos levitas fazem show, sua fama é um mundo ilusório
Já não existe adorador, só animador de auditório
Viram? Eles já não levam mais a arca da aliança
Porque são carregados por um bando de seguranças
Deus vê todas as coisas, nada lhe é oculto nas cidades
Mas ainda procura quem o adore em espírito e em verdade
E a nossa fé a cada dia vai descendo ao declive
Deus destruiu Sodoma e Gomorra mas o seu Espírito ainda vive
Quem não tem carro e dinheiro tem encosto
Quem tem bens, ações e milhões, paga o imposto
Me diga, esse é o evangelho por Jesus Cristo proposto?
Porque o antigo brilho no olhar já não está no seu rosto?
Eles bradam como João Batista e são mestres
Mas ninguém fica no deserto comendo gafanhoto e mel silvestre
Terno de microfibra, sapato italiano modelo
Mas ninguém quer ficar no sol vestindo pele se camelo
Numa coisa eles imitam a João Batista, reconheça
Receberam a missão de acabar perdendo a cabeça
Loucos! E se hoje te pedirem a tua alma?
Louco! Pra que te servirá todas as palmas?
Louco! Se a selva de concreto se tornou tua mansão
Não se esqueça que nela Deus soltou seu filho - o Leão

A graça da garça.
A arte de viver em meio à lama sem sujar as vestes.

Mas quem tem fome e sede de justiça farto será

Eles falam em línguas estranhas o que eu faço é interpretar
Ela desce a minha face, às vezes mais quente que o magma
Eu interpreto língua estranha por que Deus interpretou minhas lágrimas
Arrependa-se, não viva mais uma vida de farsa
não deixe Satanás sorrir do que você chama de graça
Nós não precisamos de saquinho de sal pra apaziguar nossa guerra
nós somos a luz do mundo, nós somos o sal da terra
Nós não precisamos de pedrinha de Israel
Porque temos a pedra de esquina chamada Deus Emanuel
Eu não quero pão de Jerusalém, nem mesmo água ungida
Já bebi águas vivas, já comi o pão da vida
Eu não creio em oração poderosa, dela eu tenho aversão
Eu creio num Deus poderoso que ouve a minha oração
Eu pensei que eles não me aceitavam por causa do ritmo
mas agora sei que não me aceitam porque eu prego o evangelho legítimo
Mas como foi escrito nos tempos remotos da antiguidade
Que eles rangeriam os dentes ao ouvir a verdade
Enfim no grande dia em que Deus mostrar seu poder
verá que o evangelho fez graça, mas nunca brincou com você

A graça da garça
A arte de viver em meio à lama sem sujar as vestes

Bendito esquecimento


Desde quando levantei uma estrela recoberta de papel laminado na ponta de uma varetinha de madeira, vestindo roupinha de anjo e cantando "Glória a Deus nas alturas", tenho uma vaga lembrança do que é guardar textos e recitações. Acredite, é muito comum haver um breve hiato em minha mente durante perguntas do tipo "O que você comeu no café da manhã" ou mesmo "Quantos anos você tem?".

Por algum tempo isso foi motivo para cogitar a ida a algum médico ou psicólogo. No corre-corre da vida essa preocupação se perdeu em meio a tantas agendas, post-its, anotações nas contra-capas de Bíblias ou no enorme quadro-branco que tenho no escritório. Porém, essa preocupação dissipou-se definitivamente quando casei-me com a Dany. A Danex tem um dom. Na verdade, eu já o considero paranormalidade (rs). Minha amada consegue lembrar o que vestíamos no dia do casamento do meu amigo Leandro, qual a sandália que a Juliana foi e que horas saímos e chegamos nesse evento (ocorrido há pelo menos 10 anos). Nem preciso dizer que essa é uma arma poderosa em nossas discussões sobre quem deixou a luz acesa ou o bolo fora da geladeira - é claro que eu sempre perco! (rs)

A falta de memória chegou muitas vezes a me desmotivar por completo quando me vi na lida de compartilhar a Palavra de Deus em tantas igrejas por aí. Escravo do bendito esboço, sempre sonhei o dia em que não precisaria de um púlpito ou suporte para a Bíblia e o impresso. Sofria taquicardias quando o ventilador (maldito) passava as folhas da Bíblia. Me sentia o pior dos cristãos quando precisava recorrer à um versículo do qual não lembrava o endereço, nem o contexto, e muito menos o próprio texto, só sabia que se encaixava perfeitamente naquele ponto da mensagem.

Porém, uma brisa de esperança tem soprado em meu rosto nesses últimos meses. Não! Não tomei fosfosol, nem fui contagiado pelo super-poder da Dany. Pelo contrário, continuo gastando valiosos minutos na impressão de esboços e no desenvolvimento de um design que me lembre apenas o necessário - fagulhas da essência para que meu intelecto desenvolva o restante.

Eis a percepção idiota que me ocorreu. Como alguém que procura os óculos já bem posicionados em seu rosto, percebi que o que eu procurava era o que menos precisava. Entendi que eu não precisava lembrar. Precisava absorver!

Uma mente que decora centenas de versículos, dogmas, regras ou estatutos pode ser uma mente brilhante do ponto de vista secular, mas no Reino de Deus isso não passa de vento. As verdades do evangelho da graça precisam ser absorvidas a tal ponto que eu não lembre de nenhuma delas, e esquecendo-as, passe a vivê-las em sua total intensidade. É como a marcha do carro que mudo sem perceber. Para ser mais poético, é como respirar. Não preciso raciocinar em que velocidade estou, qual a última marcha que coloquei ou mesmo "Onde foi parar essa marcha?". Também não preciso dizer ao pulmão: "Ei, vamos lá! Força! Inspira. Expira. De novo...". Eu simplesmente vivo!

Nesses últimos dias o evangelho tem penetrado a minha pele de tal forma que o perfume me dá uma agradável sensação de liberdade. Fiz da falta de memória minha aliada. Enquanto ela me sufoca, volto a livros que li. Vejo filmes que me emocionaram. Beijo a boca da minha amada, cujo sabor quaso esqueço, mas que prontamente e gentilmente ela me lembra. Bendito esquecimento. Que me traz de volta às raízes. Que me lembra a todo instante: "Você é humano. Tem limitações. E não se esqueça disso!"

PS: Juro que eu ia colocar um versículo para ilustrar essa reflexão, mas ele se perdeu na minha alma.

L. Rogério

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O mal de Procusto


A terrível doença dos que não suportam as diferenças

Procusto, segundo a mitologia grega, era um famoso salteador que agia entre Mégara e Atenas. Atacava os viajantes, despojava-os de seus bens e submetia-os a cruel suplício. Forçava-os a se deitarem em um leito que nunca se ajustava ao seu tamanho. Cortava as pernas dos que excediam a medida e, por meio de cordas, esticava os que não a atingiam. Ficou conhecido como "aquele que estende". Essa faceta trágica por trás de uma "hospitalidade" ilusória ainda é encontrada em muita gente na conturbada atualidade.

O mal de Procusto é encontrado nos esforços para anular todas as diferenças. É preciso entender que existem diferenças que podem e precisam ser, equilibradamente, celebradas. Infelizmente, grande parte da igreja hodierna carrega neuroses em relação ao diferente. É comum encontrarmos pessoas estigmatizadas por suas diferenças: mães solteiras, viúvas, pobres, ou até mesmo, as diferenças geradas pelas guerras das denominações, o conflito imposto pelos adeptos de "novas" visões, das teologias asfixiantes do legalismo. Diferenças que geraram traumas, marcas profundas, feridas na alma.

A base para a celebração das diferenças está no respeito, na ética que eleva o outro e o recebe como amigo na alma. Existem diferenças fundamentais que precisam ser combatidas por causa do mal que trazem, como por exemplo, a mentalidade racista, preconceituosa, os desvios de caráter que podem comprometer a saúde da alma. Diferenças letais. Não são essas diferenças doentias que quero abordar, mas as sadias, aquelas que nos conferem singularidade, e por isso mesmo estão sendo novamente roubadas pelo mal de Procusto.

Procusto hoje é o radicalismo do "é assim que é, e pronto!" É a tendência de "esticar e cortar" o que destoa do meu modo de ver a vida até que o indivíduo tenha a cara que eu quero. Quando a igreja age assim, adultera o sentido bíblico do Cristo - ele celebrava as diferenças! Basta olhar o grupo de discípulos que ele escolhe: de trabalhadores a cobrador de impostos, gente das diferenças. Gente escolhida não por ser uma eterna igualdade da massa informe, mas por ter a capacidade de ser-quem-é.

Na atualidade, há uma gama enorme de pessoas marcadas, gente com uma história de dor pra contar. Essas pessoas foram à igreja em busca de abrigo e descanso para a alma, mas encontraram a terrível cama de ferro do legalismo e o Procusto das teologias ditatoriais. Deus não instituiu uma máfia eclesiástica, Ele instituiu uma igreja - gente simples celebrando as diferenças em amor.

A igreja é feita das diferenças. Famílias diferentes, de lugares diferentes, com problemas diferentes - ninguém é igual. O que precisamos aprender com Cristo - o Mestre da sociabilidade - é a virtude de enxergar o outro como irmão e ajudá-lo a crescer independentemente de sua formação, posição social (o lixo das diferenças de classe) ou a cor da pele. A igreja pode celebrar as diferenças porque Cristo as celebra.

Procusto, segundo a mitologia, foi morto por Teseu, que infligiu-lhe o mesmo martírio que ele infligia às pessoas. O que aprendemos aqui é que a "Lei da Semeadura" (o que plantarmos, colheremos) também se aplica a esse comportamento. Aqueles que atropelam as diferenças serão atropelados por elas mais tarde.

Que Deus nos ajude a celebrar diferenças, a "suportar uns aos outros em amor" (Ef.4.2), e crescer em unidade, intimidade e carisma. Somente assim poderemos ganhar as nações para o abraço de Cristo.
Até mais...

Alan Brizotti
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