Um lugar onde os profetas levita(m)
Existe um lugar onde o surto profético é completamente liberado. Basta dois crentes se encontrarem e pronto: bate um arrepio, um clima de mistério e... lá vem profetada! A configuração é simples: uma lágrima ungida aqui, um lenço suado pela divindade manifesta. Tudo anda de acordo com a sensação do momento.
Na profetolândia tudo é profético. Até as roupas são escolhidas de acordo com a autoridade necessária na ocasião (principalmente quando são Daslu ou Armani). Chifres e óleos são abundantes. É tanto óleo que as pessoas parecem salgadinhos ungidos na feira da religiosidade tupiniquim.
A autoridade maior é o apóstolo (visto que toda a população é profeta). Só há um ministério: o da fazenda! Aqui renomeado: Ministério da Prosperidade. A bandeira tem um cifrão entrelaçado a um cajado, um shofar, a sombra de uma cruz e um balde de azeite de Israel. Na profetolândia não existe passado, pois os profetolandenses apenas determinam o futuro de conquistas!
Tudo é azul na profetolândia, visto que preto é suspeitíssimo. A televisão local chama-se "TV Sinal", porque nós acreditamos em milagres! A programação é bem simples: milagres de manhã, de tarde e de noite. De madrugada, milagres contra a insônia e o marido que ronca. Os intervalos comerciais vendem de tudo: Bíblias para todos os gostos, protetor solar "Debaixo do sol", arca da aliança em miniatura (com um shofarzinho dentro), candelabro comestível, e por aí vai...
Na profetolândia deu muito trabalho para nomear o local onde se jogaria o lixo. Alguns sugeriram "inferno", mas não deu certo, pois de vez em quando, alguns profetolandenses gostam de "saquear o inferno", aí já viu, não ia prestar. Então, depois de longas campanhas, nomearam o tal local (devidamente fora de seus limites sagrados) como "maldição". Daí em diante, toda maldição lançada pelos profetolandenses tem endereço certo: lixo!
Se você quiser conhecer essa terra que mana "leite e sabor de mel", consulte seu agente de viagem espiritual, numa neopentecostal mais próxima.
Ah, não posso entrar na profetolândia. Minha conta bancária (ops!, passaporte) não permite.
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